terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Um depoimento especial


No nosso último dia em Pistoia, gravamos um depoimento muito especial da Sra. Giulianna, viuva do Miguel Pereira. Ela nos contou do início desta história de amor e das dificuldades do casamento "por procuração". Ao todo, 58 pracinhas brasileiros casaram com senhorinas italianas que conheceram durante a guerra.

domingo, 13 de janeiro de 2013

População homenageia soldados com monumentos

 
No segundo dia do nosso giro com Mario Pereira visitamos importantes cidades libertadas pelos soldados brasileiros e onde as comunidades registraram esse fato através de monumentos. É o caso Ge Gaggio Montano, Massarosa e Montese. Na prefeitura de Montese, a participação do Brasil na II Guerra está presente em uma exposição permanente de fotografias, além da Piazza Brasile. Outros monumentos, localizados em áreas rurais, marcam locais onde alguns soldados brasileiros morreram em combate. Dois desses foram iniciativas de moradores locais, que sentiram necessidade de homenagear àqueles bravos estrangeiros. Em algumas casas ainda se pode notar buracos de tiros nas paredes de pedra.
 
 
 
 
 
 
 
Chama particular atenção o cenário das batalhas de Monte Castelo. É um local de difícil acesso, com encostas acentuadas e muitas árvores ressecadas pelo frio intenso, mas onde ainda se encontra as trincheiras construídas pelos alemães para manter a posição. Também se pode achar ainda hoje pedaços de projéteis e objetos pessoais dos soldados que mantiveram aquelas posições até a tomada definitiva pela FEB, em 1945. Imaginar aquele local tão fortemente armado, ainda com o agravante da neve, ajuda a entender porque as primeiras duas tentativas de tomada falharam. O clima, o terreno e a fortificação inimiga preparada durante meses favoreciam muito a defesa. 
 
 
Gravamos um depoimento impressionante com uma moradora que conviveu com os soldados brasileiros. Yolanda Maratta, 79 anos, destacou muito o caráter humano dos brasileiros. Enquanto outros soldados davam alguma comida para a população como favor, os brasileiros dividiam o que tinham com as pessoas. Por isso se tornavam praticamente membros da família. Na sua casa de pedras, construída pelos seus antepassados em 1517, ela mostrou a correspondência que mantém até hoje com ex-combatentes e familiares deles. 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Na Torre di Nerone


Hoje estive  no local que é cenário chave deste projeto, a Torre de Nerone. Foi  onde meu pai passou todo o rigoroso inverno de 1944/45. Ainda hoje, 68 anos depois, o lugar é ermo e de difícil acesso. As ruínas da torre continuam lá exatamente como na época da guerra. Ainda existem troncos de  madeira perfurados por bala e é comum  se encontrar ainda hoje fragmentos  de projéteis.
Por sorte o morro não está coberto por neve, mas a névoa ajuda a compreender a dificuldade de sobreviver no local. Era a frente mais avançada dos aliados e ficava praticamente cercada pelos alemães, que faziam intenso e contínuo bombardeio. Segundo Mario Pereira, o lugar era  chamado ‘terra dos piolhos’ pois a higiene era precária. Na maior parte do tempo os  soldados tinham que ficar nas trincheiras individuais, os chamados foxhole. Sobreviver nessas condições, por si só já foi um ato de superação.
Amanhã conto o que vimos nos 150 km percorridos hoje.
 
 
 

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Capela só foi reencontrada em 2002

Hoje o dia foi muito produtivo. Andamos de carro mais de 300 km, gravamos dois depoimentos e visitamos monumentos em homenagem aos soldados brasileiros. Uma preciosidade é a capelinha de Nossa Senhora de Lourdes, construida com pedras por soldados brasileiros em Staffoli e que estava desaparecida desde o final da guerra. Estava coberta por mato e só foi reencontrada em 2002 e reformada com base em fotos da época. O responsável, Sr. Giuliano Cappelli, foi muito atencioso e nos contou como ele reformou pessoalmente a capela.
 

 
Depois de uma passagem por Pisa, visitamos a cidade de Massarosa, a primeira libertada pelo Exército Brasileiro e que registrou o reconhecimento danto nome a uma pequena praça ao lado da Prefeitura.


Em Borgo a Mozzano, visitamos o museu local com o responsável, o Sr. Piergiorgio Prioli. Impressionante o acervo de peças da guerra encontradas na região, muitas guardadas por famílias de moradores. Depois visitamos parte das galerias de casamatas construidas pelos alemães como parte de defesa da Linha Gótica. Cavadas na pedra e feitas de concreto estão praticamente intactas, o que mostra a qualidade do concreto utilizado. Os alemães usaram trabalhadores especializados das minas de mármore. Alguns, partizanos, entregaram mapas com as localização das galerias aos aliados. Quando os brasileiros chegaram lá, os alemães, diante da queda da linha em outra parte do vale, já haviam recuado para posições mais ao norte. Senão, como mostra a estrutura de defesa, seria muito difícil derrotar eles em 1944. Muitos brasileiros certamente morreriam tentando.
 

Antes de voltar a Pistoia, presenciamos o por do sol na Ponte della Maddalena o del Diavolo. Diz a lenda que os soldados brasileiros teriam ouvido de moradores locais que era impossível derrubar a ponte medieval e a atravessaram em meio a intenso bombardeio de canhões alemães. O fato é que a ponte está lá e nenhum tiro de canhão a derrubou. Da ponte, se avista o alto dos Apeninos coberto de neve.

 


 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Novo lar para o diário de guerra


 
Doei ontem ao Monumento Votivo Militar Brasileiro de Pistoia o diário original e todos os documentos guardados com ele pelo meu pai. Além de garantir a preservação deste legado histórico, o diário agora poderá ser visto por todos, principalmente pelos jovens que visitam o monumento. Foi muito emocionante. Hoje visitaremos vários locais onde os soldados brasileiros combateram e a Torre de Nerone, onde meu pai passou todo o Inverno de 1944/1945. Era o ponto mais avançado do exército aliado na região dos Apeninos.
 

Monumento Votivo Militar Brasileiro


Visitamos hoje o Monumento Votivo Militar Brasileiro, em Pistoia. Um ótimo trabalho do Mário Pereira, filho do Miguel Pereira. Conversamos muito sobre essa história comum de filhos de ex-combatente. O monumento ocupa a área do antigo cemitério brasileiro, onde estavam enterrados 465 corpos de soldados brasileiros que morreram na II Guerra Mundial. Os corpos foram trasladados para monumento no Aterro do Flamengo, no Rio, em 1960. Hoje o Monumento Votivo abriga apenas o túmulo do soldado desconhecido, provavelmente com os restos mortais de um dos três soldados brasiuleiros desaparecidos na guerra. Parafraseando o pai de Mário, Miguel Pereira, o local é "tristemente lindo".

sábado, 5 de janeiro de 2013

Um dia de trabalho no porto de Napoli

Um sábado de muito trabalho na região portuária de Napoli. Fizemos muitas passagens e imagens. Agora à noite é véspera do dia da Befana, uma espécie de Dia das Bruxas na Itália. Também sequência das festas de fim de ano. Oportunamente, estamos fazendo um camarão na moranga na casa de Juliana, o que vem a ser, na verdade, um "lagostino na zucca". O detalhe é que o Vesuvio parece surgir das nuvens.