domingo, 24 de março de 2013

Amor em tempos de guerra

 
Mesmo nas guerras há espaço para o amor.  Dos soldados brasileiros que lutaram na II Guerra, 58 casaram com italianas que conheceram durante a campanha. O número é relativamente pequeno, mas significativo diante das dificuldades burocráticas daqueles que fizeram esta opção. "Eu me casei por procuração", conta Giuliana Pereira, viúva de Miguel Pereira.
Depois da guerra, Miguel teve que retornar ao Brasil, como os outros soldados. Já a família de Giuliana não permitia que ela viajasse sozinha para o matrimônio. A solução foi o casamento por procuração, com cerimônias realizadas dos dois lados do Atlântico. O casal só conseguiu "consumar a união" meses depois e se estabeleceu na Itália após a indicação de Miguel Pereira como guardião do Cemitério do Exército Brasileiro de Pistoia. Foram 56 anos de convivência, três filhos e a herança de ter ajudado a contar para as futuras gerações a história do Brasil na II Guerra. Confira um pequeno trecho do depoimento de Giuliana Pereira no link abaixo.


sábado, 23 de março de 2013

Uma torre no meio da linha inimiga

 
O grande objetivo dos aliados no segundo semestre de 1944 na Itália era romper a linha defensifa do exército nazista, a chmada Linha Gótica. Foi o que aconteceu de modo muito frágil na Torre de Nerone, perto de Vergato, elevação conquistada pelo Batalhão de Montanha dos Estados Unidos e que foi mantida pelos soldados brasileiros durante todo o inverno. Como era uma ponte avançada, praticamente cercada pelos alemães, os brasileiros sofreram durante dois meses constantes e intensos bombardeiros vindos de dois lados. As terríveis condições de sobrevivência na Torre di Nerone, agravadas pela neve, são lembradas por Mário Pereira. Segundo ele, o local era chamado de "Terra dos Piolhos", tamanha a proliferação destes insetos diante da dificuldade dos soldados saírem de seus abrigos individuais (foxhole) para fazer a higiene ideal. Mesmo a ração de alimentos só podia ser levada durante a noite, no escuro, para evitar a artilharia inimiga.
Essa foi uma parte marcante e emocionante da viagem. Nesse lugar meu pai, Italo Diogo Tavares, psssou quase todo o inverno de 1944/1945. Nunca conversou sobre a guerrra, como se quisesse esquecer ou nos poupar, eu e meus irmãos, do lado cruel da humanidade. Honestidade, comprometimento, honra, determinação nunca foram meras palavras na minha casa. E o amor sempre foi mais um olhar do que uma palavra, talvez por conta de uma cicatriz não visível de uma guerra que nosso pai ajudou a manter distante.
Um trecho do depoimento de Mario Pereira está no link abaixo.
 

domingo, 17 de março de 2013

Os soldados mais lembrados

 
No norte da Itália há mais de uma dezena de monumentos dedicados à presença da FEB ou a ex-combatentes brasileiros de modo particular. Destes, apenas dois foram construídos com recursos do governo brasileiro: o Monumento Votivo e o Monumento Libertação, erguido em Gaggio Montano, à frente do simbólico Monte Castelo. Todos os outros partiram da iniciativa das prefeituras locais e há casos interessantes de marcos feitos em propriedades rurais particulares por moradores que conviveram com soldados que foram mortos naqueles lugares durante ataques dos inimigos alemães. Neles, estão registrados os nomes dos pracinhas e os votos de carinho e gratidão dos italianos. Nenhum outro exército que combateu na Itália possui tantas homenagens. Confira depoimento de Mario Pereira na frente do Monumento de Monte Castelo.
 

quarta-feira, 13 de março de 2013

Vivendo a guerra na Casa de Pedras

 
Com 79 anos, Iolanda Maratta, moradora da área rural de Riola di Vergato, tinha apenas 12 anos quando a guerra começou. Ela conta porque os soldados brasileiros cativaram a população italiana: "Os tedescos (alemães) eram muito duros e fuzilavam as pessoas por qualquer motivo (...) Os americanos davam coisas como quem tem muito e mostra que pode ser bom e ajudar as pessoas. Mas os brasileiros dividiam o que tinham, dividiam a ração com a gente. Eles traziam pra casa da gente tudo que recebiam, minha mãe cozinhava e todos comiam juntos", lembra, emocionada. Veja um trecho do depoimento dela no projeto Piazza Brasile em que ele lembra que a família não podia saír de casa durante o dia para buscar comida.
 
 

segunda-feira, 11 de março de 2013

O guardião da capelinha

 
 
Em Staffoli há uma capelinha de pedras erguida por soldados brasileiros. É a única construção deixada pelos soldados brasileiros na Itália. Ela foi feita com pedras e outros materiais encontrados por um grupo de soldados brasileiros, que dedicaram o templo a Nossa Senhora de Lourdes (Santa Croce Sull'arno). Após a guerra, entretanto, o local foi abandonado. Coberto por mato, teve a localização perdida nos anos seguintes, ficando desaparecido por mais de meio século. A redescoberta só aconteceu quase por acaso, em 2002, quando um morador do local, Giuliano Cappelli, praticamente tropeçou na estrutura de pedras. Munido de fotografias antigas, o próprio Cappelli se empenhou em restaurar a construção, refazendo as colunas quebradas e o pequeno altar. Confira trecho do depoimento dele no projeto Piazza Brasile.
 
 

terça-feira, 5 de março de 2013

Monumento abriga Soldado Desconhecido


O principal marco da atuação dos chamados “pracinhas” da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália é o Monumento Votivo Militar, em Pistoia. Instalado na área do antigo Cemitério do Exército Brasileiro, ele recebe atualmente cerca de 1,2 mil visitantes por ano, sendo o público brasileiro composto quase que exclusivamente por ex-combatentes e parentes deles. O número cresceu nos últimos anos, mais ainda é pouco em relação aos 850 mil turistas brasileiros que visitaram a Itália em 2012, conforme estimativa do Enit, órgão oficial de turismo italiano. Para ajudar a mudar essa realidade, um dos principais projetos do atual administrador do monumento, Mário Pereira, é transformar o espaço em museu, com a exibição permanente de documentos e objetos usados pela FEB na campanha da Itália. Ele também pretende levar para o Brasil as palestras que realiza para estudantes de escolas italianas, mas nesse caso ainda depende de propostas e parcerias. Confira no link abaixo um trecho do depoimento de Mario Pereira no projeto Piazza Brasile.